sexta, 08 de maio de 2020
O governo anunciou uma linha de crédito emergencial para ajudar pequenas e médias empresas a pagarem os salários dos seus funcionários, em meio à crise gerada pelo coronavírus. Porém, empresários e entidades reclamam que o dinheiro não chega à ponta final por burocracia e exigências dos bancos. Os bancos dizem que o dinheiro está à disposição. A linha de crédito para bancar a folha de pagamento por dois meses, anunciada no final de março, é ofertada em conjunto entre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), responsável por 85% do crédito, e os bancos privados, que ficam com 15% do total.
A linha de crédito para bancar a folha de pagamento por dois meses, anunciada no final de março, é ofertada em conjunto entre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), responsável por 85% do crédito, e os bancos privados, que ficam com 15% do total.
O empréstimo tem carência de seis meses para primeira parcela, prazo de 30 meses para pagar e taxa de juros prefixada em 3,75%, condições válidas para empresas que tiveram faturamento entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões no ano de 2019.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) ainda não tem um balanço sobre quanto dessa linha já foi, de fato, ofertada, mas entidades e empresários afirmam que a burocracia e os entraves dos bancos para a concessão do dinheiro fazem com que o crédito não chegue às empresas. Pesquisa do Sebrae realizada no início de abril mostrou que 60% dos pequenos negócios que buscaram empréstimo tiveram crédito negado. Para o presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi), Joseph Couri, o crédito ainda não chega à ponta final pois os bancos não liberam o crédito com medo da inadimplência.
“A coisa pega na análise de crédito, pois os bancos usam uma metodologia de análise de crédito velha, de antes da crise, para um momento novo. Pela primeira vez, o dinheiro não é do banco. O dinheiro vem do Tesouro e, se o risco é do Tesouro, é um problema esse dinheiro não chegar na ponta.”
Segundo Couri, se o crédito não for liberado de maneira ampla, as empresas irão demitir cada vez mais durante a crise. "Se continuarmos com esse critério, o dinheiro não chegará na ponta, e as empresas estão tentando se defender para sobreviver. Então, a empresa demite, reduz salário e jornada, e aperta muito todo o cerco de sobrevivência", disse. O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), em São Paulo, Percival Maricato, disse que poucos empresários do setor conseguiram financiar as folhas de pagamento com a linha especial. "Há muita reclamação. Alguns empresários dizem que os bancos oferecem linhas próprias, outros reclamam de muita burocracia.
FONTE: Vinícius Pereira Colaboração para o UOL, em São Paulo 08/05/2020 04h00 SAIBA MAIS EM: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/08/empresas-buscam-credito-para-pagar-salarios-mas-burocracia-atrapalha.htmGaleria de Fotos