BNDES muda financiamento para recuperação de áreas desmatadas
sexta, 22 de junho de 2018
Banco de fomento estatal alonga prazo de financiamento para até 15 anos, buscando produtores interessados em aprovar projetos de recuperação de áreas desmatadas
Interessado em ganhar mais clientes do agronegócio, o BNDES mudou sua política de financiamento ambiental para permitir que produtores rurais usem dinheiro do banco na recuperação de áreas desmatadas.
Será possível financiar a restauração ecológica e projetos de plantio de espécies nativas para exploração comercial (como palmito), um segmento chamado de economia florestal.
A iniciativa reflete mudança na política do BNDES, que, com os juros mais altos, passou a ir atrás dos clientes para fechar negócios.
Antes, com a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) - subsidiada pelo governo -, as empresas batiam à porta do banco porque as taxas eram muito abaixo da média. Com a TLP (Taxa de Longo Prazo), em vigor desde janeiro, elas estão alinhadas com o mercado.
Segundo Marcos Ferrari, diretor de Governos e Infraestrutura do BNDES, a expectativa é dobrar a carteira na área ambiental, passando de R$ 1 bilhão até o fim do ano. Hoje, ela soma R$ 585 milhões.
A modalidade não decolou porque os produtores tinham de escolher linhas de, no máximo, cinco anos.
“Esse é o prazo para uma árvore pegar ou não”, diz Ferrari. “Em muitos casos, não valia a pena tomar financiamento porque a cobertura vegetal podia morrer. Conseguimos alongar para 15 anos e permitimos que o cliente combine diversas modalidades de financiamentos.”
O banco mantém seis linhas ambientais. Pelo Fundo Clima e o BNDES Finem Recuperação, por exemplo, será possível fazer restaurações ecológicas com espécies nativas, manejo florestal em áreas de vegetação nativa existente e plantio para fins econômicos.
O Fundo Clima e o BNDES Finem Agropecuária poderão ser usados pelos clientes interessados em financiar sistema agro florestais - uma técnica que mistura culturas agrícolas com espécies arbóreas para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas.
A nova política de financiamento também ajuda o governo a cumprir compromissos do Acordo de Paris.
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