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Mesmo na crise, empresa de crédito pode baixar nota e deixar seu nome sujo

sexta, 15 de maio de 2020

Os birôs de crédito, empresas que armazenam as informações de bons e maus pagadores e utilizam esses dados para elaborar as notas de crédito - o chamado score -, dizem que a fórmula usada para definir a pontuação não foi alterada por causa da crise do novo coronavírus. Essas firmas até ampliaram o prazo para incluir as notificações no sistema, mas continuam recebendo os dados de quem está em dia e de quem está em atraso com os compromissos.

O envio dos dados do cadastro negativo só poderá ser suspenso, dizem os birôs de crédito, se houver uma modificação na lei. No último dia 12 de maio, o plenário do Senado aprovou projeto que proíbe a inscrição de consumidores inadimplentes em cadastros negativos durante o estado de calamidade devido à pandemia do coronavírus (PL 675/2020). Mas como o texto foi modificado em relação ao que havia sido aprovado na Câmara, em abril, o projeto retornou para nova análise dos deputados.

Garantir crédito a quem sofre com a crise

A suspensão, se aprovada, será retroativa para casos de inadimplência registrados após 20 de março — data em que foi aprovado o estado de calamidade. Segundo os autores do projeto, o objetivo é garantir que os atingidos pela pandemia permaneçam com acesso a crédito. O presidente da ANBC (Associação Nacional dos Birôs de Crédito), Elias Sfeir, afirma que o setor não pode simplesmente interromper o recebimento de dados de pagamentos em atraso porque isso afeta a qualidade das informações.

Mais prazo para renegociar

O executivo destacou que a associação dos birôs de crédito já ampliou o prazo para a negativação de devedores. Assim, um pagamento em atraso só vai entrar na conta do score de crédito do cidadão depois de 45 dias, em vez de dez, como ocorre na média. Essa medida terá validade até 17 de julho, mas poderá ser prorrogado, caso necessário.

Como resultado disso, devedores e credores terão um prazo alongado para realizar a renegociação", afirmou Sfeir. Segundo ele, a economia brasileira só poderá ser reconectada pelo crédito. "Mas colocar uma grande quantidade de recursos sem informação de nada adianta. Como dar crédito a alguém se não o conheço", afirma o presidente da associação dos birôs.

A diretora de operações de dados da Serasa Experian, Leila Martins, destaca que o cadastro positivo vai ser ainda mais relevante após a crise porque possibilita que seja considerado na análise de risco de crédito todo o histórico de pagamentos do consumidor, e não apenas uma fotografia de um momento específico.

Renegociação é primeiro passo, diz Procon

A renegociação é o primeiro caminho a ser buscado pelo consumidor ou empresário com dificuldades para cumprir compromissos em meio à crise, diz o secretário de Defesa do Consumidor e diretor-executivo do Procon-SP, Fernando Capez. Ele cita como exemplo a medida tomada por bancos e financeiras que ampliaram prazos para pagamentos de parcelas. Uma iniciativa que ainda vem sendo questionada por clientes que não têm conseguido repactuar os contratos.

Até porque a própria interrupção da economia já reduziu o volume de consultas aos birôs de crédito, diz o setor. Na Boa Vista SCPC, por exemplo, que recebia 15 milhões de consultas por dia antes da crise, o movimento caiu 60% em março, quando o varejo em São Paulo fechou.

    FONTE: João José Oliveira do UOL, em São Paulo 15/05/2020 04h00 SAIBA MAIS EM: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/15/biros-ampliam-prazo-para-negativacao-mas-mantem-sistema-de-nota-de-credito.htm
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