Quem não pagar conta pode ter plano de saúde cortado em meio à pandemia
sábado, 09 de maio de 2020
O consumidor que não conseguir pagar seu plano de saúde não terá direito a regime especial durante a pandemia da covid-19. A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) tentou um acordo com as operadoras, mas sem sucesso. Portanto, o consumidor está sujeito a perder a assistência de saúde após 60 dias de atraso. Pela proposta da ANS, seria liberado às empresas um fundo de R$ 15 bilhões. Em contrapartida, a assistência a inadimplentes não poderia ser cortada até 30 de junho. As principais operadoras recusaram, alegando que isso colocaria a cadeia "em risco". Um advogado especialista em direitos do consumidor pondera, no entanto, que os planos não podem abusar da situação.
No dia 20 de abril, a ANS divulgou um termo de compromisso para as operadoras de planos de saúde prometendo um aporte de até R$ 15 bilhões para auxiliar no combate à covid-19. Em contrapartida, elas deveriam manter a assistência aos inadimplentes, tanto de contrato individual, familiar ou coletivo com até 29 pessoas, até o dia 30 de junho, mesmo que o atraso no pagamento ultrapassasse os 60 dias estabelecidos na lei.
As principais operadoras do país, representadas pela FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), decidiram não aderir. Em comunicado, a FenaSaúde afirmou que o aumento de gastos assistenciais por causa da pandemia cria um desafio para adequar-se à sua receita, e o aumento da inadimplência só agravaria a situação. "Atualmente, 85% do que é recebido pelas operadoras na forma de mensalidades se destina ao pagamento de prestadores como hospitais, laboratórios, médicos e enfermeiros. Um aumento da inadimplência poderia ter como consequência imediata o enfraquecimento do sistema no momento em que o setor mais precisa ter vigor", disse Vera Velente, diretora executiva da FenaSaúde.
Segundo ela, a associação fez o pedido de liberação de verbas da ANS exatamente para "manter o sistema de saúde funcionando bem em caso de agravamento da crise", e a adoção da cláusula colocaria "toda a cadeia de saúde" em risco. Em contrapartida, disse a FenaSaúde, a associação suspendeu o aumento de todas as mensalidades até o final de julho.
Em resposta, a ANS afimou que "a composição de um acordo que só gere vantagens às operadoras não encontra amparo legal".
FONTE: Lucas Borges Teixeira
Colaboração para o UOL, em São Paulo 09/05/2020 04h00 SAIBA MAIS EM: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/09/quem-nao-pagar-conta-pode-ter-plano-de-saude-cortado-em-meio-a-pandemia.htmGaleria de Fotos